Tive uma grata surpresa hoje: acompanhei pela Internet uma parte da audiência pública sobre programas religiosos na TV Brasil e canais da EBC, chamada pelo Conselho Curador da empresa. Não vi todas as 35 intervenções de pessoas da sociedade civil e de instituições mas, entre as que vi, todas defenderam a pluralidade, a expressão da diversidade religiosa na programação dos canais públicos. Vi também que agora o Conselho Curador parece ter aderido à mesma ideia, a de que laico é o Estado, e que os canais, sendo pýublicos, devem expressar o todo. O povo brasileiro, que é de uma rica diversidade, em todos os sentidos, diversidade esta que nos faz tão singulares.
Ora, por ter mantido esta posição, de modo quase solitário, fui muito agredida pelo tal Conselho, que em março de 2011 deu-me seis meses para tirar do ar os programas então veiculados. Na TV Brasil, A Santa Missa, Palavras de Viva (católicos) e Reencontro (evangélico). Na Radio Nacional, a missa do Santauário de Fátima de Brasilia. Apresentei proposta, aprovada pela diretoria, de ampliação do espaço para garantir a plena expressão da diversidade regiosa, agregando mais cinco ou seis das religiões com maior numero de adeptos, segundo o IBGE. Não foi sequer avaliada. Pedi o adiamento da "derrama" para 2012. Nada, o Conselho foi inflexível. Finalmente, as duas igrejas ganharam liminares na Justiça, pela manutenção dos programas, e o Senado Federal manifestou-se taxativamente pela ampliação e não pela supressão do espaço. Quando tudo isso aconteceu eu já havia concluído que, tendo tantas divergências com tal Conselho, não teria condições de contribuir tao fortemente, como nos primeiros quatro anos, para o desenvolvimento da instituição que ajudei a criar. Era melhor sair para que outros continuassem a obra. E assim foi. Deixei o cargo e a EBC mas não o compromisso com a comunicação pública. Vou acompanhar sempre, como cidadã, os rumos da instituição. Hoje, gostei muito de ver que, finalmente, a ficha caiu e o Conselho entendeu, pela voz dos outros, a posição que, vinda de mim, foi repelida de forma tão áspera e arrogante. um canal público deve respeito à diversidade, em nome da democracia.
De Minas ficou-me uma frase muito usada em minha família: nada como um dia depois do outro.
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