quinta-feira, 28 de junho de 2012

Caminho de volta: primeira coluna

Com algum atraso,  pois o dia já acabou, mas para registro neste blog (que foi meu encontro com o jornalismo e a escrita nos últimos quatro anos), a primeira coluna publicada por Correio Braziliense, Estado de Minas e outros veiculos dos Diarios Associados.  Dias cruciais mas especiais.  Todos, nos Diários, têm me recebido com muito carinho, na redação e na alta direção.  Anteontem, um coquetel pela estreia da coluna reuniu pessoas relevantes do mundo jurídico-político, como o presidente do Senado, José Sarney, o presidente da Câmara, Marco Maia, o governador do DF, Agnelo Queiróz, ministros, deputados, senadores. Para nós, da casa, um sinal de apreço pela pluralidade e a diversidade de informação e opinião que muito nos gratificou.

 Um amigo tentou me tranquilizar com uma bela frase: "Ninguém se perde no caminho de volta". Talvez. Mas recomeçar após longa pausa não é tão fácil, mesmo para quem não fez outra coisa durante 24 anos. Nada porém que resista ao treino e à aplicação. Segue o texto da coluna.  Não  símile da edição, por limitações técnicas deste espaço.

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Jornalismo e democracia

CORREIO BRAZILIENSE- 28.06.2012
Tereza Cruvinel

Meu olhar será sempre o de uma repórter política buscando compartilhar com os leitores a verdade, o sentido e a relevância dos fatos, dialogando com a pluralidade, revelando os atores mas também os traços de um sistema político que comporta a virtude e o vício

Uma suave emoção guiou minha visita ao Congresso como parte do rito de estreia desta coluna. Algumas cores e rostos eram novos, mas a alma do parlamento, com seus claros e escuros, virtudes e pecados, adensa os espaços em que vi serem escritos capítulos importantes de nossa recente história democrática. No azul do Senado, recordei Tancredo esgueirando-se em articulações sussurrantes. Brossard trovejando na tribuna. No subsolo, o gabinete que foi de Fernando Henrique, parada obrigatória. Além de informação, ali havia a prosa inteligente e a promessa de renovação da elite e dos costumes políticos, se ele chegasse lá. Pouco além, o gabinete em que Ulysses chorou a derrota da emenda das diretas, apesar das massas que ele levantou. No plenário, o borburinho dos constituintes de 1988. Entre eles, um barbudo lacônico encarnava a emergência do povo na política, promessa que também se cumprirá. Na saída, rumo ao STF, altíssimas as palmeiras imperiais, plantadas no início da transição. No Planalto, a bandeira hasteada indica a presença presidencial, mas agora da primeira mulher. Essas lembranças falam de jornalismo e democracia, binômio que pautará este espaço que me concedem o Correio Braziliense e os Diários Associados. Meu olhar será sempre o de uma repórter política buscando compartilhar com os leitores a verdade, o sentido e a relevância dos fatos, dialogando com a pluralidade, revelando os atores mas também os traços de um sistema político que comporta a virtude e o vício. Com trabalho e aplicação é que um jornalista pode contribuir com a cidadania e a democracia. Passemos, pois, ao trabalho sobre dois temas relevantes da conjuntura.
 
Legal, mas não democrático
Os presidentes do Mercosul aprovarão amanhã em Mendoza, Argentina, a exclusão do Paraguai do bloco até a realização de eleições livres e limpas. O que já se aprovou foi apenas a suspensão da dita reunião. O texto não dirá, mas deixará nas entrelinhas a sugestão de que as eleições de 2013 sejam antecipadas. O ingresso da Venezuela, que só o Paraguai vetava, pode até ser aprovado, embora não seja conveniente agora. A presidente Dilma Rousseff assumirá a presidência semestral do bloco disposta a mediar uma solução que seja exemplar, mas que abra portas para a reconciliação. E, sobretudo, que preserve os interesses do Brasil e do povo paraguaio. Falou-se em golpe, falou-se em ingerência, mas o que se viu de bom até agora foi um saudável consenso, no Mercosul e na Unasul, sobre a intocabilidade da democracia no continente. Chile e Colômbia, que têm governos mais "liberais", ou não bolivarianos, para usar o bordão corrente, tiveram a mesma posição. E pela primeira vez, os Estados Unidos ficaram fora da questão, ouvindo o Brasil e os vizinhos. Hillary Clinton concordou com o chanceler Antonio Patriota: o ato foi legal, mas não foi democrático.
O impeachment de Collor ensina a diferença. Faltaram, no caso de Lugo, os procedimentos democráticos aqui adotados. O impeachment é cabível no Brasil quando o governante é acusado de crimes de responsabilidade, previstos nos artigos 84 e 85 da Constituição, e é condenado segundo o rito da Lei nº 1079/50. Já o artigo 25 da Constituição paraguaia prevê o equivalente "juízo político" em casos de "mau desempenho de suas funções, cometidas no exercício do cargo". Não define o delito e convenhamos que é bastante elástico o conceito de "mau desempenho", deficiência que, na democracia, deve ser corrigida pelos eleitores, nas urnas. A regulamentação do artigo foi votada no próprio dia do julgamento, concedendo a Lugo duas horas para a defesa. Recordemos o caso Collor: a denúncia foi apresentada em setembro à Câmara, onde houve defesa e derrota do presidente. O processo foi para o Senado, que, em outubro, afastou Collor do cargo provisoriamente até o julgamento final, em 29 de dezembro. Ele renunciou minutos antes da sessão começar. Nesses quatro meses, foram várias as chances de defesa na batalha jurídica travada no Senado. O presidente do STF conduziu o processo.
A suspensão está prevista no Protocolo de Ushuaia, ou cláusula de compromisso com a ordem democrática. O que não está claro é se o Paraguai será suspenso apenas dos colegiados ou se perderá também, como admite o artigo quinto, "direitos e obrigações". Vale dizer, tarifas comuns e outras vantagens. Não é a inclinação de Dilma.
 
Supremas rusgas
Entra em cartaz o tão cobrado julgamento do mensalão. Serão 15 sessões públicas em agosto, mês de desgosto na política brasileira (e de gosto para outros, certamente). É jogo quase jogado: esse processo está para o STF como a cassação de Demóstenes Torres está para o Senado. Terão que condenar, terão que cassar, se não quiserem se imolar, permitindo a desqualificação das duas instituições. No caminho, vão se acumulando os sinais de uma crise na mais alta corte, onde as rusgas entre ministros já dão um livro de crônicas. Agora, o ministro relator declarou-se "estupefato" com as cobranças do presidente para que entregue logo os autos. E os entregou antes do prazo, num claro protesto. Mais parece o parlamento que a Suprema Corte.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Nora Ephron: um brilho se apaga

Morreu Nora Ephron, grande jornalista, roteirista brilhante, uma mulher de fibra forte e inteligência fulgurante.  Seus escritos sempre me deram prazer e inveja, da boa.  Gostei muito quando ela, numa festa, jogou uma torta de limão na cara do marido traidor, o também grande jornalista Carl Bernstein, um dos reporteres do caso Watergate.  E narrou isso com tanta graça, em A Dificil Arte de Amar.  Separaram, é claro. Mais tarde, ela se casou com Nichollas Pillegi e acho que foram mais felizes. Nora deixou o jornalismo diário e escreveu roteiros de filmes premiados, como Julie&Julia, Harry and Sally,  O Retrato de Uma Coragem.  Quem não leu, leia agora, como homenagem, o livro sobre a idade, "Meu pescoço é um horror". Vamos rir com Nora. Ela gostava.

domingo, 24 de junho de 2012

Reencontro

Leitores, leitoras,

Na semana passada falei aqui de meus proximos passos profissionais. A partir de 5a. feira, escreverei uma coluna que será veiculada três vezes por semana no Correio Braziliense, Estado de Minas e outros veiculos dos Diários Associados. Tenho aqui três alegrias numa só: retomar minha atividade de colunista política  (o que muitos ex-leitores têm cobrado, acredito que por sincera apreciação de meu trabalho), escrever num jornal da cidade que amo, na qual construí a minha vida, Brasilia;  e escrever num veiculo do estado em que nasci, e que também não sai de mim: Minas. Parafraseando o poeta, "o que de Minas ficou em mim" foi este compromisso de ser para sempre mineira.
Quero ser sintética. Compartilho com voces a matéria que o Correio e os demais veiculos publicaram hoje sobre a nova coluna. Tropecei um pouco para postar um arquivo PDF o que tornou a fotografia sofrível mas creio ter salvado o texto. Espero todos voces nestes novos espaços. Tereza