Ontem, na noite de Brasilia, pela qual posso circular agora que não trabalho mais madrugada adentro, encontrei a jornalista Catia Seabra, querida amiga. Trabalha na Folha mas foi minha colega no Globo.
Ela estava de férias quando de minha saida da EBC, há 10 dias. Recordamos o casamento da filha do senador Heráclito Fortes, em junho. Ela me ouviu dizer a muitos politicos amigos que lá encontrei, inclusive a José Serra, que em outubro deixaria o cargo. Na semana seguinte, Cátia quis fazer matéria e eu a tirei do caminho. Não podia confirmar porque ainda não havia dito o mesmo à presidenta Dilma, Seria uma grosseria. Contei ontem à Cátia que fiz um pedido público de desculpas a ela na coletiva que dei no dia 31. Tirei-a da matéria, que seria correta, por delicadeza com a presidenta. E com isso permiti que uma repórter chamada Ana Flor publicasse uma matéria cretina e mentirosa. Repleta de danos morais. Cátia é uma flor, entendeu meu ponto na época.
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Vejo no Correio uma carta do Conselheiro Daniel Aarão Reis, aquele que tratava a presidente da EBC como empregada dele, contestando meu artigo postado abaixo.
Como agora não preciso ser conciliadora com ninguem, vou comentar o que ele tenta esclarecer.
Vamos o que ele diz:
Sr. Redator
Outro lado
No artigo "Antes de virar a página" (76/11, pág. 13), a ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) Tereza Cruvinel é inexata quando me atribui a frase: "Sua — a dela — função é trabalhar, a minha é te controlar". Disse: "Sua função é executar, a do Conselho Curador, controlar". Disse-o com justeza, invocando a lei, pois não cabe ao Conselho executar políticas, mas controlar sua execução. Minha afirmação não foi, portanto, grosseira, mas adequada, pertinente e legal. "
No artigo "Antes de virar a página" (76/11, pág. 13), a ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) Tereza Cruvinel é inexata quando me atribui a frase: "Sua — a dela — função é trabalhar, a minha é te controlar". Disse: "Sua função é executar, a do Conselho Curador, controlar". Disse-o com justeza, invocando a lei, pois não cabe ao Conselho executar políticas, mas controlar sua execução. Minha afirmação não foi, portanto, grosseira, mas adequada, pertinente e legal. "
Meu comentário sobre esta parte - Vocês viram alguma diferença entre as duas afirmações? Ficando menos grosseiro, na frase que ele diz ter dito, ele nao se torna menos equivocado sobre os papeis institucionais da diretoria e do Conselho. Se entende que minha função (minha e dos diretores) é apenas executar, entende que não temos responsabilidade alguma na formulação. Somos meros empregados, executores. E é isso mesmo que o atual Conselho acha. Eles decidem, a diretoria executa. Ademais, a lei nao diz que o Conselho deve controlar a execução de políticas da empreas, como afirma Reis. Ela diz, no artigo 17, que o Conselho deve atuar no controle da observância dos principios legais na PROGRAMAÇÃO. São coisas sutilmente diferentes.
Prosseguindo com a carta dele:
"Cruvinel é imprecisa quando afirma que "uma nova maioria" substituíra no Conselho Curador "os conselheiros nomeados por Lula". Ora, todos os conselheiros foram nomeados por Lula. É a lei.".
SOFISMA DO CONSELHEIRO - Todos são nomeados pelo presidente mas os primeiros conselheiros, nomeados em dezembro de 2007, foram ESCOLHIDOS pelo presidente. Uma alteração do texto da MP pelo Congresso mudou radicalmente a forma de escolha. Agora, eles são INDICADOS em consulta publica por instituições da sociedade civil. O Conselho recebe os nomes e elege TRÊS, que são levados ao presidente para a escolha e nomeaçao de um deles. . Dilma ainda não pôde fazer esta ESCOLHA mas posso assegurar que ela nao vai gostar. Lula, numa das uútimas nomeações, quase se recusou a assinar o decreto. Estava nomeando quem ele não escolhera. Isso precisa mudar.
Segue o conselheiro:
"Também é imprecisa quando afirma que veio "uma ordem para tirar do ar os programas religiosos, em nome do Estado laico". Tratou-se de decisão democraticamente aprovada por imensa maioria do Conselho Curador, tomada não somente em nome do Estado laico, mas sobretudo em nome do pluralismo religioso.".
Eu digo: Foi uma ordem sim, ainda que aprovada por maioria. O primeiro argumento do autor do parecer que embasou a Resolução, Daniel Aarão Reis, invocou a laicidade do Estado. Depois, de tanto ouvir ponderações minhas e do ministro Juca Ferreira a favor da pluralidade, devendoo a TV Pública espelhar a sociedade e não o Estado, acolheram alguma referencia a isso.
Vamos ao ultimo ponto:
"A ex-presidenta perpetra uma inverdade quando afirma que seu afastamento da EBC se deveu a suposta ameaça de impeachment que seria decretada pelo Conselho Curador. A fonte de sua não recondução à presidência da empresa encontra-se no Palácio do Planalto, não no Conselho Curador."
Digo: Não afirmei que as ameaças do Conselho me derrubaram. O que eu disse é que elas foram um motivo a mais para eu NÃO DESEJAR, NAO PLEITEAR E AFASTAR DEFINITIVAMENTE QUALQUER HIPOTESE DE PERMANÊNCIA NO CARGO.
Bem, ele afirma no final que a fonte da minha não-recondução está no Planalto. Claro, quem nomeia despacha lá. Mas Dilma nomeou Nlelson porque muito antes eu declinei da permanência e Nelson foi o nome levado pelo ex-ministro Franklin, com meu apoio.E com o da ministra também.
Alguns amigos acham que ele quis se referir à ministra Helena mas nao creio que Aarão Reis tenha razões para pensar isso.Por fim ele assina.
» Daniel Aarão Reis, membro do Conselho Curador da EBC
» Daniel Aarão Reis, membro do Conselho Curador da EBC
E eu também,
Tereza Cruvinel, jornalista e cidadã.