sexta-feira, 11 de novembro de 2011


Ontem, na  noite de Brasilia, pela qual posso circular agora que não trabalho mais madrugada adentro, encontrei a jornalista Catia Seabra, querida amiga. Trabalha na Folha mas foi minha colega no Globo.

Ela estava de férias quando de minha saida da EBC, há 10 dias. Recordamos o casamento da filha do senador Heráclito Fortes, em junho. Ela me ouviu dizer a muitos politicos amigos que lá encontrei, inclusive a José Serra, que em outubro deixaria o cargo. Na semana seguinte, Cátia quis fazer matéria e eu a tirei do caminho. Não podia confirmar porque ainda não havia dito o mesmo à presidenta Dilma,  Seria uma grosseria.  Contei ontem à Cátia que fiz um pedido público de desculpas a ela na coletiva que dei no dia 31. Tirei-a da matéria, que seria correta, por delicadeza com a presidenta. E com isso permiti que uma repórter chamada Ana Flor publicasse uma matéria cretina e mentirosa. Repleta de danos morais.  Cátia é uma flor, entendeu meu ponto na época.

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Vejo no Correio uma carta do Conselheiro Daniel Aarão Reis, aquele que tratava a presidente da EBC como empregada dele, contestando meu artigo postado abaixo.

Como agora não preciso ser conciliadora com ninguem, vou comentar o que ele tenta esclarecer.  
Vamos o que ele diz:


Sr. Redator
Outro lado
No artigo "Antes de virar a página" (76/11, pág. 13), a ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) Tereza Cruvinel é inexata quando me atribui a frase: "Sua — a dela — função é trabalhar, a minha é te controlar". Disse: "Sua função é executar, a do Conselho Curador, controlar". Disse-o com justeza, invocando a lei, pois não cabe ao Conselho executar políticas, mas controlar sua execução. Minha afirmação não foi, portanto, grosseira, mas adequada, pertinente e legal. "

Meu comentário sobre esta parte - Vocês viram alguma diferença entre as duas afirmações?  Ficando menos grosseiro, na frase que ele diz ter dito, ele nao se torna menos equivocado sobre os papeis institucionais da diretoria e do Conselho. Se entende que minha função (minha e dos diretores) é apenas executar, entende que não temos responsabilidade alguma na formulação. Somos meros empregados, executores. E é isso mesmo que o atual Conselho acha.  Eles decidem, a diretoria executa.   Ademais, a lei nao diz que o Conselho  deve controlar a execução de políticas da empreas, como afirma Reis. Ela diz, no artigo 17, que o Conselho deve atuar no controle da observância dos principios legais na PROGRAMAÇÃO.   São coisas sutilmente diferentes.


 Prosseguindo com a carta dele:

"Cruvinel é imprecisa quando afirma que "uma nova maioria" substituíra no Conselho Curador "os conselheiros nomeados por Lula". Ora, todos os conselheiros foram nomeados por Lula. É a lei.".

SOFISMA DO CONSELHEIRO - Todos são nomeados pelo presidente mas os primeiros conselheiros, nomeados em dezembro de 2007,   foram ESCOLHIDOS  pelo presidente.  Uma alteração do texto da MP pelo Congresso mudou radicalmente a forma de escolha. Agora, eles são INDICADOS  em consulta publica por instituições da sociedade civil.  O Conselho recebe os nomes e elege TRÊS, que são levados ao presidente para a escolha e nomeaçao de um deles. .  Dilma ainda não pôde fazer esta ESCOLHA mas posso assegurar que ela nao vai gostar. Lula, numa das uútimas nomeações, quase se recusou a assinar o decreto. Estava nomeando quem ele não escolhera.  Isso precisa mudar.

Segue o conselheiro:
"Também é imprecisa quando afirma que veio "uma ordem para tirar do ar os programas religiosos, em nome do Estado laico". Tratou-se de decisão democraticamente aprovada por imensa maioria do Conselho Curador, tomada não somente em nome do Estado laico, mas sobretudo em nome do pluralismo religioso.".

Eu digo: Foi uma ordem sim, ainda que aprovada por maioria. O primeiro argumento do autor do parecer que embasou a Resolução, Daniel Aarão Reis, invocou a laicidade do Estado. Depois, de tanto ouvir ponderações minhas e do ministro Juca Ferreira a favor da pluralidade, devendoo a TV Pública espelhar a sociedade e não o Estado,  acolheram alguma referencia a isso.

 Vamos ao ultimo ponto:

"A ex-presidenta perpetra uma inverdade quando afirma que seu afastamento da EBC se deveu a suposta ameaça de impeachment que seria decretada pelo Conselho Curador. A fonte de sua não recondução à presidência da empresa encontra-se no Palácio do Planalto, não no Conselho Curador."

Digo:  Não afirmei que as ameaças do Conselho me derrubaram. O que eu disse é que elas foram um motivo a mais para eu NÃO DESEJAR, NAO PLEITEAR E AFASTAR DEFINITIVAMENTE QUALQUER HIPOTESE DE PERMANÊNCIA NO CARGO.

Bem, ele afirma no final que a fonte da minha não-recondução está no Planalto. Claro, quem nomeia despacha lá. Mas Dilma nomeou Nlelson porque muito antes eu declinei da permanência e Nelson foi o nome levado pelo ex-ministro Franklin, com meu apoio.E com o da ministra também.
Alguns amigos acham que ele quis se referir  à ministra Helena mas nao creio que Aarão Reis  tenha razões para pensar isso.
Por fim ele assina.
» Daniel Aarão Reis, membro do Conselho Curador da EBC

E eu também,
Tereza Cruvinel, jornalista e cidadã.

2 comentários:

  1. Tereza,

    Destaco esta parte e em seguida, favor dar imensa atenção ao que vou propor:

    Segue o conselheiro:
    "Também é imprecisa quando afirma que veio "uma ordem para tirar do ar os programas religiosos, em nome do Estado laico". Tratou-se de decisão democraticamente aprovada por imensa maioria do Conselho Curador, tomada não somente em nome do Estado laico, mas sobretudo em nome do pluralismo religioso.".

    Eu digo: Foi uma ordem sim, ainda que aprovada por maioria. O primeiro argumento do autor do parecer que embasou a Resolução, Daniel Aarão Reis, invocou a laicidade do Estado. Depois, de tanto ouvir ponderações minhas e do ministro Juca Ferreira a favor da pluralidade, devendoo a TV Pública espelhar a sociedade e não o Estado, acolheram alguma referencia a isso.


    Estarei viajando amanhã para Brasilia para te encontrar e apresentar uma ideia de pluralismo que irá te surpreender e ainda fazer a Tv Brasil aumentar significativamente na audiência. Menina, favor me dar atenção redobrada pois valerá a pena!!!Abração

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  2. Parabéns pela gestão. Ficou muito aquém do necessário, porém, bem acima do que sei, ser possível fazer num regime administrativo ao qual enfrentastes.
    Na condição de conselheira... te faço um questionamento: não me agrada... não acho que possa render o que já poderia estar rendendo essa formatação do jornalismo, especialmente do noticiário das 21, com três locações, dividindo atenções quando na minha modesta opinião o assistente precisa se focar. E se focar no Brasil, via sua capital, a capital de TODOS os brasileiros, de onde tudo emana e para onde tudo retorna, obviamente que mantendo as ilhas nas duas principais cidades além da capital federal.
    Um mero curioso,
    José de Almeida Bispo.

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