quarta-feira, 18 de julho de 2012

Amostras de Cruvinel (o pintor)



Isso aqui é uma pequena amostra da exposição  maior "Amostras de Cruvinel", que estará no Mezanino do Teatro Nacional de Brasilia, do dia 20, sexta-feira próxima, ao dia 28 de julho deste 2012, com apoio da Secretaria de Cultura.do GDF. A exposição faz parte do encontro "Contemporâneos Velhos de Guerra", que reunirá em Brasília, pela sexta vez, ex-alunos e ex-professorse da UnB nos anos 60,  anos de sonho, utopia e tragédia da Universidade criada por Darcy Ribeiro. Eles ousaram nas artes e nas ciências, quebraram tabus e enfrentaram a ditadura.  Com um deles, ela desapareceu, e agora esperamos que a Comissão da Verdade revele o que aconteceu com Honestino Guimarães depois de ser preso no Campus, em 1968, com os colegas protestando e cercando a viatura. Naquela crise, a Universidade foi invadida, muitos foram presos, cerca de 200 professores, que incluiam nomes da fina flor da inteligência brasileira de então, foram demitidos ou se demitiram.  O físico Roberto Salmeron foi um deles e tem um belo livro sobre o assunto. Padu, o jornalista Antonia Padua Gurgel, também escreveu sobre esta saga. Eu vivi tudo isso novamente, de forma um pouco mais amena, nos anos 70. Quem arregaça as mangas para que este encontro aconteça, mais que todos, é o arquiteto Antonio Carlos Morais de Castro, o Morais. Falei muito do encontro, agora falo do pintor e sua obra.

Antes que me pergunte, Luiz Carlos Cruvinel é de Morrinhos, Goiás. Eu,  de Minas. Coromandel/Abadia dos Dourados. Os meus ancestrais, como os dele, sairam do núcleo Cruvinel de Uberaba, uma gente que veio vindo, do litoral para o Sertão de Minas, passando por São João Del Rey,  Guaxupé, Formiga, Desemboque, Sacramento etc. Então, em algum distante lugar do passado, somos parentes. No sangue. Mas no coração, Cruvinel é meu-primo irmão de primeiro grau. Se eu falar que é irmão, o Luiz Humberto Cruvinel, fotógrafo, meu único irmão biológico, ficará  com ciuúmes. Luiz Carlos tem este lugar no meu coração, pela pessoa inteligente, correta e generosa que é,   pelo artista que habita nele. Tudo extensivo à  Alcione, sua mulher, também artista plástica, ao Júnior, Julia e Marina. 
 Adolescente,  pouco depois  de chegar a Brasília deparei-me um dia com  uma exposição dele na galeria da W-3 Sul, 508, da Fundação Cultural. Acho que não existe mais. A W-3 norte não existia.  Fiquei curiosa e nunca descansei até conhecê-lo,anos depois, numa tarde seca,  no decadente conjunto Conic, onde tomamos muitos cafés com pão-de-queijo trocando figuras sobre os Cruvinel, uma gente muito louca que não vem ao caso aqui. Nunca mais nos perdemos. Participei, indisciplinadamente, de O Caixote, a linda revista eletrônica de arte que ele produziu com Lizete Mercadante e outras pessoas criativas e criadoras. Pode ser visitada e lida ainda, na Internet. 

Não sou crítica de arte, apenas amante. Os quadros dele me impactaram, desde a tal exposição que vi pela primeira vez. Mais tarde é que conheci a obra de Siron Franco, e soube que os dois e outros mais compunham uma especie de nova escola de arte goiana. O fato é que achei tudo muito lindo nos quadros do Luiz:  a fina técnica, o pincel quase invisível,  os temas, um quê de surrealismo, o vermelho e o azul gritantes. Para não falar bombagem, reproduzo o que Walmir Ayala disse dele: 

"Cruvinel extrai do caos a imagem do homem contemporâneo. Como tantos artistas de tantas épocas, esta imagem surgia sem gosto terrestre (no dizer ceciliano), perplexa como a dos nascituros condenados à vida"..."A tudo isso Cruvinel propõe uma energia cromática que se liga ao remoto oficio arquitetônico. Arquiteto e pintor tocam-se as máos e forjam um tempo plástico que se consuma original, na medida em que se torna verdadeiro e lúcido".

Mais não digo. Convido meus conterrâneos e contemporâneos de Brasília (eu sou UnB anos 70, combinado?)  a visitarem a exposição do Luiz, fruindo um momento de prazer diante do belo.  E os dos anos 60, a procurarem o Morais caso queiram participar da programação do encontro, "Contemporâneos Velhos de Guerra", parafraseando mestre Waldirmir Carvalho, para  recordar aqueles tempos inesquecíveis.
TC

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4 comentários:

  1. Thereza... tambem sou fa, e tenho o privilegio de ter uma das obras mais bonitas dele. Gostaria de entrar em contato, seria possivel... meus dados: Maria Luiza Machado, luizamsm@tcu.gov.br.

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    1. Vou passar seu contato para ele.
      Obrigada pela mensagem.
      Tereza

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  2. VOCÊ É LINDA.
    NÃO HÁ POEMA,
    POESIA OU PROSA
    QUE POSSAM DEFINIR-TE.

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