domingo, 1 de abril de 2012

Contra o esquecimento


O domingo já acabou mas vejo nos jornais Online que, depois dos meninos do Rio, os de São Paulo também protestaram contra os festejos do aniversário do golpe militar de 1964, apoiando a Comissão da Verdade. Postado aqui, o texto de Hidelgard Angel sobre sua participação meio que casual no protesto do Rio emocionou muita gente. Republico meu post sobre o ato do Rio. O da Hilde está logo abaixo.  Este tema não pode nos cansar. Temos que revisitá-lo para não esquecer, jamais.  Gostaria de poder disponibilizar "on demand" o documentário de Flavio Tavares, "O Dia que durou 21 anos", cuja produção apoiei quando presidia a TV Brasil. É uma grande aula, assim como a série "Travessia", de João Batista de Andrade, que tambem teve o nosso apoio para a produção. Obrigada a todos pela leitura. TC

Memória e esqueciimento


Sem memória, não há Cultura, não há História nem  Civilização. Assim mesmo, todas em caixa alta. 
A violência e o conflito  pontuam toda a História mas se a humanidade tivesse posto a pedra do esquecimento sobre  as  piores passagens da jornada, a civilização não teria vencido a barbárie.
Os mortos, os feridos e os vencidos só podem ser vingados pela memória, pela recordação da verdade, para que ela não se repita. Esquecê-los é novamente matá-los e feri-los. É tratá-los como  banais coisas perdidas em algum furacão ou tempestade.
O esquecimento é analgésico, a verdade é antídoto.
Nos momentos de muita dor, esquecer pode ser uma estratégia de sobrevivência, uma ponte na travessia.   Mas , passada a noite escura,  é com a verdade que caminhamos sob o sol.
 Por isso os que foram ao Clube Militar na quinta-feira, 29 de março,  protestar contra a celebração dos 48 anos do golpe militar de 19 64 estão com a razão e com a verdade.
Do lado de dentro estavam os que negam a Verdade.
Os  que esconderam ou queimaram documentos e provas.
Os que apagaram os nomes dos mortos
Nem contam como eles morreram.
Os que desapareaceram com aqueles
que estavam em seus porões
nem revelam o local das covas do Araguaia.
Estes,  que ainda chamam o golpe de revolução.
Por isso nada devem celebrar,
Porque celebram a  mentira e o esquecimento.

As gerações têm carregado, e passado adiante, a tocha da memória.
Mas para que toda a verdade prevaleça, é preciso acender com ela uma grande fogueira,
que ilumine a História e aqueça os corações mais sofridos.
Foi isso que me disseram as fotos que vi esta noite nos sites. Mais uma vez a Avenida Rio Branco  era um campo de luta.   Nos anos 90, lá estavam os cara-pintadas. Nos 80, os que pediam diretas-já e Constituinte.  Nos anos 70, os que cobravam Anistia e liberdades democráticas. Nos anos 60, os que enfrentaram a ditadura com palavras ou com armas.


3 comentários:

  1. "The precise pain, in the precise place, in the precise amount, for the desired effect.'' Dan Mitrione
    Esquecer? nunca!! Como esquecer o que fez um indivíduo como esse Dan Mitrione, como esquecer suas aulas de tortura em BH e mais tarde em Montevideo? Quantos mendigos assassinou apenas para demonstrar para seus alunos o limite da resistencia à tortura?
    Tereza, é muito bom te-la de volta num blog. Creio ter lido tudo que publicou em sua coluna e em O Globo, acompanhava você também no seu blog, movimentadissimo durante a campanha eleitoral de 2006. Um grande abraço

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  2. Rodrineto,

    Que bom seu comentário, ter de novo sua leitura e companhia. Estou ainda reestruturando a vida mas pretendo dinamizar o blog logo que as coisas estejam mais ordem e possa voltar a escrever com disciplina.
    Abs
    Tereza

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  3. Em quaisquer conflitos ou guerras há problemas e devem ser resolvidos na ocasião. Por sinal, devem ser evitados ao máximo sempre, mas acontecem. É a insensatez humana. Se faz o possível para reparar perdas. Aqui houve uma lei da anistia, inclusive com polpudas indenizações, e deve ser respeitada para a harmonia futura. Ficar eternamente remoendo mágoas não leva a nada.

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