Em poucas
horas no exercício da Presidência da República,
o presidente da Câmara, Marco
Maia, mudou o desenho das nuvens na
paisagem política, marcada nas últimas
semanas por uma crise no relacionamento entre a presidenta Dilma e sua base de
apoio. Maia abriu as portas do gabinete
para a classe política, dialogou, negociou e fechou acordo que permitirá a
votação da Lei Geral da Copa nesta quarta-feira. Reuniu-se com o líder do
Governo, com líderes partidários e com a bancada ruralista, com a qual negociou
a votação do Código Florestal para abril.
A base
aliada relaxou e celebrou a recuperação da autonomia da Câmara para gerir sua
agenda. A oposição deu sua surfadinha na
situação.
- A
melhor articulação para o Governo é a Dilma viajar – disse o líder do PSDB,
Bruno Araujo (SE). Dilma embarcou para a India no final de semana.
A frase
de Araujo é uma variante de outra que ficou famosa. “A crise viajou”. Foi dita
pelo senador Fernando Henrique Cardoso, durante a Constituinte, logo depois que
o presidente Sarney embarcou para uma viagem oficial ao exterior. Sarney e a
Constituinte viveram ás turras, depois de instalado o debate sobre a duração do
mandato.
Chistes
à parte, o fato é que Maia, na Presidência, tratou politicamente da questão
política. A presidenta Dilma, de formação
técnica e gerencial, não tem muita paciência com o tro-ló-ló da política. Tem dito com todas as letras que não aceita “o
toma-lá-dá-cá”. Ou seja, a barganha
descarada de votos por cargos, sem base
em compromisso programático. Não deve mesmo submeter-se mesmo ao varejão mas
não pode deixar de fazer política, não pode negligenciar a relação com os
partidos e o Congresso. Os avanços da
nossa jovem democracia sempre se deram com base na conciliação e no
diálogo. Os presidentes que mais
produziram avanços – FH e Lula – montaram coalisões com forças heterogêneas por
entenderem que, de outro modo, não
governariam nem aprovariam medidas cruciais
para a modernização e o desenvolvimento do país.
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