terça-feira, 27 de março de 2012

A crise viajou...


                Em poucas horas no exercício da Presidência da República,  o presidente da Câmara,  Marco Maia,   mudou o desenho das nuvens na paisagem política, marcada nas  últimas semanas por uma crise no relacionamento entre a presidenta Dilma e sua base de apoio. Maia  abriu as portas do gabinete para a classe política, dialogou, negociou e fechou acordo que permitirá a votação da Lei Geral da Copa nesta quarta-feira. Reuniu-se com o líder do Governo, com líderes partidários e com a bancada ruralista, com a qual negociou a votação do Código Florestal para abril.
                A base aliada relaxou e celebrou a recuperação da autonomia da Câmara para gerir sua agenda.  A oposição deu sua surfadinha na situação.
                - A melhor articulação para o Governo é a Dilma viajar – disse o líder do PSDB, Bruno Araujo (SE). Dilma embarcou para a India no final de semana.
                A frase de Araujo é uma variante de outra que ficou famosa. “A crise viajou”. Foi dita pelo senador Fernando Henrique Cardoso, durante a Constituinte, logo depois que o presidente Sarney embarcou para uma viagem oficial ao exterior. Sarney e a Constituinte viveram ás turras, depois de instalado o debate sobre a duração do mandato.
                Chistes à parte, o fato é que Maia, na Presidência, tratou politicamente da questão política.  A presidenta Dilma, de formação técnica e gerencial, não tem muita paciência com o tro-ló-ló da política.  Tem dito com todas as letras que não aceita “o toma-lá-dá-cá”.  Ou seja, a barganha descarada de votos por cargos,  sem base em compromisso programático. Não deve mesmo submeter-se mesmo ao varejão mas não pode deixar de fazer política, não pode negligenciar a relação com os partidos e o Congresso.  Os avanços da nossa jovem democracia sempre se deram com base na conciliação e no diálogo.  Os presidentes que mais produziram avanços – FH e Lula –  montaram coalisões com forças heterogêneas por entenderem que,  de outro modo, não governariam nem aprovariam  medidas cruciais para a modernização e o desenvolvimento do país.
                              

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