O mundo fica pior cada vez que perdemos um dos nossos melhores.
Sérgio Miranda foi um homem público exemplar, um intelectual de
resultados e um ser humano excepcional. As convicções políticas o
guiaram desde os 15 anos, quando começou a militar no movimento
estudantil em Fortaleza e entrou para o PCdoB. Foi preso em Ibiúna em
1968 e expulso do curso de matemática da UFCE. Vieram anos de
clandestinidade. Viu companheiros, como Helenira Resende e Robson
Gurgel, partirem sem volta para o Araguaia. Viu serem trucidados pela
ditadura dirigentes como Pedro Pomar e Angelo Arroyo.
Conheci-o na CPI dos Anões do Orçamento, em 1993. Havia chegado à Câmara como suplente de Célio de Castro e logo se destacou pela combatividade e pela aplicação aos temas de seu maior interesse na esfera do Estado: a dívida pública, os direitos sociais e previdenciários, as questões orçamentárias, as telecomunicações. Logo apareceria nas listas dos mais influentes. Tinha causas, não interesses. Ajudei modestamente na divulgação de alguns, destacando a parceria com ele e Walter Pinheiro para impedir, no governo FH, que os recursos do Fust fossem apropriados pelas teles.
No início do governo Lula, votou contra a reforma previdenciária e foi punido com uma suspensão pelo PCdoB. O PT fez o mesmo com seus dissidentes. Esse ato de força desnecessário contra quem dedicara 43 anos à legenda comunista dividiu sua vida. Saiu do partido, entrou para o PDT, mas não se elegeu em 2006 nem em 2010. A perda do mandato certamente cortou-lhe parte do oxigênio que nutria seu DNA político.
Combatente, Sérgio era também um homem culto e sensível, amante das artes e da literatura, especialmente da poesia. Por sua partida, tomo emprestada a primeira estrofe de Funeral blues, de Auden, poema de que ele muito gostava: “Detenham os relógios/calem o telefone/joguem um osso ao cão para que não ladre mais/façam silêncio os pianos/e o tambor sancione o féretro/que sai com seu cortejo atrás”.
Conheci-o na CPI dos Anões do Orçamento, em 1993. Havia chegado à Câmara como suplente de Célio de Castro e logo se destacou pela combatividade e pela aplicação aos temas de seu maior interesse na esfera do Estado: a dívida pública, os direitos sociais e previdenciários, as questões orçamentárias, as telecomunicações. Logo apareceria nas listas dos mais influentes. Tinha causas, não interesses. Ajudei modestamente na divulgação de alguns, destacando a parceria com ele e Walter Pinheiro para impedir, no governo FH, que os recursos do Fust fossem apropriados pelas teles.
No início do governo Lula, votou contra a reforma previdenciária e foi punido com uma suspensão pelo PCdoB. O PT fez o mesmo com seus dissidentes. Esse ato de força desnecessário contra quem dedicara 43 anos à legenda comunista dividiu sua vida. Saiu do partido, entrou para o PDT, mas não se elegeu em 2006 nem em 2010. A perda do mandato certamente cortou-lhe parte do oxigênio que nutria seu DNA político.
Combatente, Sérgio era também um homem culto e sensível, amante das artes e da literatura, especialmente da poesia. Por sua partida, tomo emprestada a primeira estrofe de Funeral blues, de Auden, poema de que ele muito gostava: “Detenham os relógios/calem o telefone/joguem um osso ao cão para que não ladre mais/façam silêncio os pianos/e o tambor sancione o féretro/que sai com seu cortejo atrás”.
Publicado no Correio Braziliense - 27.11.2012
Sensacional Tereza manter vivo a memória de Sérgio pra que sirva de exemplo para nossa futura geração e ao menos constranja essa corja de canalhas que estao hoje no parlamento. (parte claro, obvio que temos excessões)
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