quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Tristes miradas, também no Brasil, sobre a Argentina que chora

Leio na Télam (agencia pública de notícias argentina) a matéria " La triste mirada del diario The Wall Street Journal" :  o jornal americano publicou que, com a morte de Néstor Kirchner, os ativos e ações argentinos estavam se recuperando. Realmente, um glacial olhar de mercado sobre circunstâncias humanas. 

Aqui no Brasil também sobrou deselegância, para não dizer outra coisa, em relação ao país vizinho  e parceiro estratégico na morte de seu mais importante líder político contemporâneo. A  sub-manchete  desta quinta-feira, 28, do jornal O Estado de São Paulo foi: "Enfarte mata Néstor Kirchner, presidente "de fato" da  Argentina.   O Globo foi apenas mais sutil ao perguntar:  "E agora, Argentina?".

Ambos ofendem a presidente Cristina Kirchner, que nesta  hora de grande dor, com o velorio ainda em curso, é questionada como governante, é tratada como marionete do mariodo morto, cujo desaparecimento suscita  a pergunta de "O Globo".  "E agora, Argentina? " é uma forma de dizer:  Foram eleger uma mulher, como farão agora, com a morte do marido que "de fato" governava?   

Mulheres no poder, eis uma coisa que os conservadores não conseguem mesmo suportar. Cristina não é uma marionete, não é uma tonta. É inteligente e culta, tem luz política própria,  embora tivesse fina sintonia com Néstor Kirchner.   Agora ela é apenas uma mulher ferida e sua expressão dilacerada está comovendo o mundo.  Passado o luto, voltará a ser a presidente aguerrida,  não só para provar sua autonomia mas também para honrar o legado do marido.  O peronismo é uma força colossal na Argentina e a tragédia só tende a fortalecê-lo.

O jornal ameriocano e os dois jornais brasileiros poderiam ter evitado estas "tristes miradas" sobre uma Argentina que chora.

TC

2 comentários:

  1. Gente sem alma e sem sangue nas veias.
    Todo meu abraço e sentimento à família Kirchner
    Gilberto Cruvinel

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  2. Tereza: É tempo de jornalismo Ctrl C Ctrl V: sem fontes, sem apuração, sem investigação, pesquisa, trabalho de reportagem. Fazer o que?
    Senão estaríamos lendo: Nem Evita, nem Isabelita.
    É Cristina Kirchner, como você bem mostrou.
    Antonieta

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