A campanha acabou e o Brasil vai respirar aliviado amanhã. Desta vez os ódios estiveram mais do que nunca exaltados e os rancores, explicitados. Rancores de classe, inclusive. Agora Dilma é presidente e não sei se haverá alguma trégua. Talvez haja. Talvez ela - pela origem de classe, nao pelo que pensa e representa - nao desperte em certos setores da vida brasileira e aquela rejeição, aquele desprezo, aquela indignação causada pelo nordestino-operário que ousou ocupar a cadeira de presidente. Talvez. Lembro-me do dia em que encontrei uma amiga (rica e bem nascida), no inicio da crise de 2005, e ela me disse: " agora vamos poder vomitar este Lula" . A frase me chocou mas me fez entender muitas coisas, a repensar outras.
Eu seu discurso, vi varias Dilmas mas o melhor foi ver a Dilma mulher falar das questões de gênero, prometendo que será a primeira para que outras, no futuro, cheguem lá como coisa natural. Na campanha, ela foi empurrada pela direita fundamentalista que agora conhecemos para um beco defênsivo. Falou pouco de seus compromissos neste campo. Depois quero escrever aqui sobre esta nova direita que começou a despontar. Acho que isso pode ser bom, se ela encontrar seu lugar e seu discurso.
Mas ali, no discurso do Hotel Naum, estavam também a Dilma sensível que chorou ao falar de Lula. A Dilma combativa dos tempos antigos e dos atuais, prometendo não ceder aos que criticam o gasto social. Estes que chamam bolsa-família de bolsa-esmola. A Dilma técnica que saberá decidir sobre tantas questões que ainda tempos que resolver.
Era tarde quando saimos da TV Brasil, depois de uma programação de 5 horas ao vivo acompanhando e comentando a apuração. Fui comer alguma coisa com Carlos Amorim, que muito ajudara na cobertura. A Esplanada fervia, as buzinas espocavam. Passei no Piantela, quase vazio, onde encontrei Sigmaringa Seixas, do PT, conversando com o ministro Gilmar Mendes, do STF. Tranquilamente, como acontece nas democracias, mesmo em dias especiais.
No bar, Dirceu e amigios, também longe da festa.
Nao havia comida, fomos a outro lugar, também longe da festa, que varou a noite. Desde jovem frequento todas as festas politicas de Brasilia. Desde as que faziamos contra a ditadura, as da trasição, as da era tucana. Agora, devo ficar longe.
Amanhã começa outro tempo. Espero que, como Michele Bachelet, Dilma reserve um terço do ministerio para as mulheres. Nao porque sejam mulheres mas porque, tendo competência, poderão´também mostrar seu valor. A vitória foi dela mas agora deve dividi-la com as mulheres brasileiras, abrindo-lhes mais espaços na esfera publica.
TC
Tomara que o pais ente no eixo e continue a prosperar !!! E o meu desejo. Ter um lugar para chamar de minha patria e lar para meus filhos !!!
ResponderExcluirTexto conciso e muito objetivo! Excelente!
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