quinta-feira, 26 de abril de 2018

Pá de cal na EBC pública

   Novamente reativo este blog para falar de morte. Agora a morte da comunicaçao pública na EBC.

O governo Michel Temer está completando a obra de demolição da Empresa Brasil de Comunicação – EBC com empresa gestora do sistema nacional de comunicação pública, que a exemplo dos similares existentes nas melhores democracia, foi criada para garantir mais pluralismo e diversidade na oferta de informação e conteúdos, não para fazer proselitismo governamental. Mas é nisso que o governo vem transformando a EBC,  em sua própria agência de comunicação, desde a intervenção que destituiu ilegalmente um presidente mandatado, promoveu uma caça às bruxas entre funcionários e  acabou com o Conselho Curador e com o mandato do maior dirigente, instrumentos que garantiam a independência da EBC em relação ao governo.
Agora, o Conselho de Administração determina um “realinhamento” que contraria a lei de criação da empresa, ao determinar que a Agência Brasil deixe de produzir notícias gerais de interesse público, de livre acesso e utilizadas por centenas de veículos país afora, e passe a divulgar apenas “conteúdos estatais”, vale dizer, notícias boas para o governo. Para isso, o governo devia se valer apenas de canais governamentais, como a TV NBR e a Voz do Brasil, operados pela EBC, de forma estanque, não os confundindo com os canais públicos.
                Como é sabido, fui a primeira diretora-presidente da EBC, num período em que, com o apoio do ex-presidente Lula e do ex-ministro Franklin Martins, e ao lado de centenas de apoiadores e funcionários, lançamos as bases de uma EBC efetivamente pública. Implantamos a TV Brasil e imprimimos gestão pública, fiscalizada pelo Conselho Curador e em sintonia com os princípios da lei, às emissoras de rádio já existentes e à Agência Brasil. As gestões que me sucederam, dirigidas por Nelson Breve, Américo Martins e Ricardo Melo, deram continuidade a este esforço, buscando sempre fazer da EBC uma instituição independente, destinada a aprimorar a vivência democrática com a oferta de programação apartidária, isenta, pluralista e complementar à dos veículos privados.

                Temer, logo que empossado, partiu com fúria contra a EBC. Agora, trata de liquidar o que resta de comunicação pública. Aquilo de que nos acusavam, de estar criando aparelho político com uma programação chapa-branca, está sendo feito escancaradamente, sob o silêncio cumplice da maioria da mídia.  Um retrocesso lamentável, condenável, confirmador de que vivemos realmente em tempos autoritários e regressivos ao atraso.



Tereza Cruvinel  - tereza
7 min
Pá de cal na EBC pública
O governo Michel Temer está completando a obra de demolição da Empresa Brasil de Comunicação – EBC com empresa gestora do sistema nacional de comunicação pública, que a exemplo dos similares existentes nas melhores democracia, foi criada para garantir mais pluralismo e diversidade na oferta de informação e conteúdos, não para fazer proselitismo governamental. Mas é nisso que o governo vem transformando a EBC, em sua própria agência de comunicação, de...
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