Neste dia histórico em que a presidente Dilma
instalou a Comissão da Verdade, ao lado
de todos os presidentes do Brasil democrático, o ex-delegado do DOPS Claúdio Guerra sofreu um
atentado no Espírito Santo. Em livro-depoimento aos jornalistas Marcelo
Netto e Rogerio Medeiro (“Memórias de uma Guerra Suja”) recém-lançado, ele
confessou torturas e assassinatos e a incineração de corpos de presos políticos em
fornos de açúcar no norte fluminense. A
presidente Dilma Rousseff determinou o acompanhamento do caso pelo Governo. Os
integrantes da Comissão da Verdade, mal tomaram posse, já se mobilizaram para
monitorar a apuração de responsabilidades, que está sendo feita pela polícia estadual
e pela Polícia Federal.
O senador Paulo Paim denunciou o atentado na
tribuna do Senado, no final do dia desta quarta-feira. Ele recebeu a informação dos autores do livro, que juntamente com o ex-delegado, haviam sido convidados por ele (Paim) para deporem na Comissão de Direitos Humanos. A casa de idosos à qual
o ex-delegado está recolhido, no interior capixaba, teria sido cercada por três homens na madrugada desta quarta-feira. Um deles teria feito vários disparos, não atingindo ninguém. O senador
pediu segurança e inclusão de Guerra no programa de proteção às
testemunhas. “Guerra é um arquivo vivo
que não pode ser apagado. Ele quer depor
na Comissão da Verdade", disse Paim.
A suspeita natural é de que remanescentes do aparelho repressivo da ditadura tenham tentaado "apagar" este arquivo antes que ele faça revelações. A descrição do ocorrido revela amadorismo e falta de planejamento, indicando que a ação, caso trate-se mesmo de um atentado, foi executada por iniciativa de um individuo ou grupo isolado. Mas é um mal sinal. Sinal de que as sombras vão se mexer para evitar as investigações e eventuais punições.
SER CRIANÇA
ResponderExcluirQuero voltar a ser criança
Correr pelos campos
Sujar-me com a pureza da terra;
Banhar-me nas águas da cachoeira
Conectar-me com a linguagem do mundo
Traduzindo-o em brincadeiras.
Quero dialogar com a minha infância
Descobrir-me em sua rebeldia oculta
O cúmplice de uma revolta sem feridas
E titubear sílabas de ordem.
Quero voltar a ser criança
Para reconhecer em cada rosto
Um gesto de bondade.
Caminhar pelas margens de um rio
E medir seu mistério;
Deixar que a chuva molhe minha alma
Enquanto meu corpo sacia-se em liberdade...
* Agamenon Troyan
Autor do livro O ANJO E A TEMPESTADE,
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