quarta-feira, 16 de maio de 2012

Atentado contra um arquivo vivo da ditadura



Neste dia histórico em que a presidente Dilma instalou a Comissão da Verdade,  ao lado de todos os presidentes do Brasil democrático,  o ex-delegado do DOPS Claúdio Guerra sofreu um atentado no Espírito Santo.   Em livro-depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rogerio Medeiro (“Memórias de uma Guerra Suja”) recém-lançado,  ele  confessou torturas e assassinatos e a incineração de corpos de presos políticos em fornos de açúcar no norte fluminense.  A presidente Dilma Rousseff determinou o acompanhamento do caso pelo Governo. Os integrantes da Comissão da Verdade, mal tomaram posse, já se mobilizaram para monitorar a apuração de responsabilidades, que está sendo feita pela polícia estadual e pela Polícia Federal. 

O senador Paulo Paim denunciou o atentado na tribuna do Senado, no final do dia desta quarta-feira.  Ele recebeu a informação dos autores do livro,  que juntamente com o ex-delegado, haviam sido convidados por ele (Paim) para deporem na Comissão de Direitos Humanos.  A casa de idosos à qual o ex-delegado está recolhido, no interior capixaba,  teria sido cercada por três homens na madrugada desta quarta-feira. Um deles teria feito vários disparos, não atingindo ninguém. O  senador pediu segurança e inclusão de Guerra no programa de proteção às testemunhas.   “Guerra é um arquivo vivo que não pode ser apagado. Ele quer  depor na Comissão da Verdade", disse Paim.

A suspeita natural é de que remanescentes do aparelho repressivo da ditadura tenham tentaado "apagar" este arquivo antes que ele faça revelações. A descrição do ocorrido revela amadorismo e falta de planejamento, indicando que a ação, caso trate-se mesmo de um atentado, foi executada por iniciativa de um individuo ou grupo isolado.  Mas é um mal sinal. Sinal de que as sombras vão se mexer para evitar as investigações e eventuais punições.

Um comentário:

  1. SER CRIANÇA

    Quero voltar a ser criança
    Correr pelos campos
    Sujar-me com a pureza da terra;
    Banhar-me nas águas da cachoeira
    Conectar-me com a linguagem do mundo
    Traduzindo-o em brincadeiras.

    Quero dialogar com a minha infância
    Descobrir-me em sua rebeldia oculta
    O cúmplice de uma revolta sem feridas

    E titubear sílabas de ordem.

    Quero voltar a ser criança
    Para reconhecer em cada rosto
    Um gesto de bondade.
    Caminhar pelas margens de um rio
    E medir seu mistério;
    Deixar que a chuva molhe minha alma
    Enquanto meu corpo sacia-se em liberdade...

    * Agamenon Troyan
    Autor do livro O ANJO E A TEMPESTADE,

    SKYPE: tarokid18
    TWITTER: @episodiocultura

    ResponderExcluir